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16 Agosto de 2025

Adultização: Qual o papel da publicidade na proteção da infância?

Nos últimos dias, o tema da adultização de crianças voltou com força às redes sociais. O motivo? Um vídeo publicado pelo criador de conteúdo Felca, que trouxe à tona um debate urgente: até que ponto a sociedade, a mídia e a publicidade estão contribuindo para acelerar etapas da infância?

A repercussão foi imediata. Milhares de comentários e compartilhamentos mostraram que esse não é apenas um incômodo individual, mas uma preocupação coletiva. O público percebe que algo está fora do lugar — e a comunicação tem papel direto nesse cenário.

O que é adultização e por que preocupa?

A adultização acontece quando crianças e adolescentes são expostos a padrões de comportamento, estética ou consumo que pertencem ao universo adulto. Isso pode se manifestar em roupas, linguagens, campanhas de beleza, redes sociais e até em produtos direcionados a faixas etárias inadequadas.

Esse fenômeno preocupa especialistas em psicologia, educação e comunicação, pois antecipa pressões sociais para as quais a criança ainda não está preparada, impactando diretamente sua autoestima, identidade e visão de mundo.

O papel da publicidade nesse cenário

A publicidade infantil exerce grande influência na forma como as crianças percebem o que é ser aceito, bonito ou desejável. Campanhas mal direcionadas podem reforçar estereótipos e criar expectativas irreais. Por isso, a comunicação tem a responsabilidade de proteger a infância, e não explorá-la.

Entre os riscos de uma publicidade que reforça a adultização, destacam-se:

  • Normalização da sexualização precoce;
  • Incentivo ao consumismo infantil;
  • Pressão estética e comparação com padrões irreais;
  • Impactos emocionais e sociais de longo prazo.

Ética e responsabilidade no marketing

A publicidade responsável vai além da criatividade: precisa considerar valores éticos, impacto social e consciência coletiva. O marketing tem poder para inspirar, educar e ampliar horizontes, mas também pode limitar e distorcer realidades se usado de forma negligente.

Por isso, cada campanha que envolve o público infantil deve se basear em três pilares:

  1. Proteção – preservar a essência da infância;
  2. Respeito – tratar crianças e adolescentes como sujeitos em desenvolvimento;
  3. Conscientização – estimular mensagens que promovam autoestima, diversidade e valores saudáveis.

Caminhos possíveis para a comunicação

A boa notícia é que existe espaço para uma comunicação mais ética, criativa e consciente. Algumas diretrizes importantes:

  • Incentivar mensagens que promovam diversidade e inclusão;
  • Respeitar as normas de publicidade infantil estabelecidas pelo CONAR e órgãos reguladores;
  • Usar a publicidade como ferramenta para educação e conscientização social.
  • Produzir conteúdos que valorizem a criatividade e a imaginação das crianças;

A urgência da conversa

O tema da adultização não é novo, mas ganha novas camadas a cada polêmica — e o vídeo do Felca trouxe a questão de volta ao centro do debate digital. Agora, cabe à publicidade assumir sua responsabilidade: não basta entreter ou vender, é preciso proteger e valorizar a infância como ela é.

Mais do que uma tendência momentânea, essa é uma demanda ética e social. Afinal, comunicar é também formar percepções, e isso tem impacto direto na forma como uma geração cresce e se enxerga.